29 de abr. de 2014

A criação do striptease


A mulherada americana teve que rebolar muito para driblar as patrulhas e leis dos bons costumes que as proibiam de tirar a roupa no palco. Assim, aos poucos, nasceu o strip-tease.

por Cíntia Cristina da Silva

do site: http://historia.abril.com.br

Era uma noite quente de 1917. A platéia do modesto teatro National Winter Garden, no Lower East Side, famoso por monólogos repletos de piadas chulas e por dançarinas insinuantes, era majoritariamente masculina. No palco, acalorada, a comediante Mae Dix decidiu remover a gola de seu vestido para não manchá-lo de suor e assim economizar uma grana com a lavanderia. O gesto banal, feito de modo distraído, levou a galera à loucura. Os homens gritavam na expectativa do que estava por vir.

Artista experiente, Mae percebeu o que tinha em mãos e, de imediato, tirou os punhos, também removíveis, de seu figurino. Saiu aplaudida entusiasticamente, após abrir os primeiros botões de seu vestido. Estava criado, oficialmente, o strip-tease. A performance entrou para a história como a primeira vez que uma mulher se despia sem ter uma desculpa “artística” para isso. Resultado: os donos do teatro, os irmãos Minsky, deram à atriz um aumento de 10 dólares por semana para voltar a repetir o ato.

Como não eram nada bobos, os Minsky também encomendaram uma campanha publicitária para divulgar o novo espetáculo. Pouco depois, foi cunhada a expressão strip-tease (tradução literal: despir-se provocando) para descrever a natureza excitante dos shows da casa. Assim, meio sem querer, o ato de tirar a roupa no palco foi virando um espetáculo exportado para o mundo inteiro pelos Estados Unidos.

Muito embora esse acontecimento seja lembrado como o marco fundador da arte, a pesquisadora Jessica Glasscock vasculhou os primórdios dos shows de variedades e do burlesco (tipo de teatro popular nos Estados Unidos do início do século 20, famoso por piadas grosseiras, dançarinas ousadas e linguagem pouco refinada) e lá encontrou as raízes da arte do strip-tease, que publicou no livro Striptease – From Gaslight to Spotlight (algo como “Da iluminação a gás aos holofotes,” inédito no Brasil). Sem as desbravadoras de meados do século 19, talvez não tivesse existido Mae Dix.

QUADROS VIVOS

É preciso lembrar que no fim do século 19 as regras morais eram extremamente rígidas. O menor sinal de conduta libidinosa, a exibição de uma perna nua em cena, por exemplo, era enquadrado como contravenção. Um decreto do estado de Minnesota, de 1891, dá a medida: “Qualquer mulher que, num palco de teatro, casa de shows ou qualquer tipo de espaço público, em que estejam reunidas outras pessoas, expuser partes do corpo, estejam elas vestidas em malhas finas colantes ou em qualquer tipo de vestuário que torne o corpo visível, será considerada culpada de conduta obscena explícita, cuja contravenção poderá ser punida com multa não menor que 5 dólares e não acima de 100 dólares, ou prisão por no mínimo cinco dias e no máximo 30”. Para burlar tais leis entra em cena a mirabolante criatividade humana.

Nesse período, para fugir de processos valia tudo. Especialmente manter o strip-tease ou inocentes insinuações de nudez muito próximas da arte. Apoiado numa classificação “artística”, era possível montar espetáculos com várias mulheres seminuas ou em malhas colantes reveladoras sem que todo mundo fosse em cana. Os espertos diretores dos teatros burlescos descobriram na arte clássica, especialmente a greco-romana, uma ótima desculpa “educacional” para exibir garotas em trajes mínimos. Arte não pode ser tachada de obscena. Pelo menos, não sem que o acusador tenha de encarar a vergonha pública de ser considerado um ignorante.

A idéia desses espetáculos batizados de “Tableaux Vivants” (Quadros Vivos) era utilizar modelos reais para reproduzir cenas clássicas de pinturas e passagens históricas. O nascimento de Vênus era uma das encenações favoritas. As ninfas, é claro, também pululavam aqui e ali. Detalhe: para esse tipo de show ser considerado um tableau vivant, as modelos não podiam se mover.

AS EUROPÉIAS

Os padrões de decência do início do século 19 eram os mesmos da Era Vitoriana. Até o figurino das artistas estava sujeito a esses valores morais. O corpete se tornou uma peça essencial: ele mantinha no lugar o que não deveria ser revelado.

Por volta de 1860, as primeiras transgressoras se livraram desse acessório e causaram reboliço. Pouco depois, com a chegada da trupe da inglesa Lydia Thompson, em 1868, um novo furor se instalou nos palcos americanos. As loiras oxigenadas de Lydia Thompson se apresentavam usando somente uma insinuante malha colante, que, apesar de cobrir o corpo todo, criava a ilusão de nudez.

O roteiro incluía piadas grosseiras, canções populares e textos com insinuações eróticas. No fim, as dançarinas lançavam as pernas ao ar como no cancã. A combinação explosiva de sex-appeal e ousadia não era novidade na Europa, mas nos Estados Unidos causou furor. O espetáculo foi aclamado, apesar das acusações de obscenidade. Depois de Lydia, os americanos começaram a montar shows semelhantes. Baseados em textos literários, esses espetáculos não se preocupavam quase nada com a qualidade da narrativa. Era claro que um belo par de pernas distraía suficientemente o público.

Na onda das inglesas surgiram as “skirt dancers” (dançarinas de saia), como se tornaram conhecidas as moças que não se limitavam ao pas-de-deux do balé clássico. O cancã era o carro-chefe das “dançarinas de saias”. Além de exibir vitalidade, elas mostravam parte das pernas e a roupa de baixo. Depois delas vieram as dançarinas orientais (ou exóticas). A dança do ventre, considerada imoral e provocante, era a alegria dos homens. Às orientais (muitas americanas vestidas como as originais) era permitido dançar com menos roupas, pois essa era considerada uma questão “cultural” não passível de processo.

O BURLESCO E AFINS

O burlesco, com suas dançarinas exóticas e piadas grosseiras, caiu nas graças do povo. Paralelamente a este movimento, surgiu a tentativa de criar um espetáculo mais leve, recomendado às senhoras respeitáveis. Em 1907, Florenz Ziegfeld Jr. cria o Ziegfeld Follies, um espetáculo de entretenimento refinado, como mandava o vaudeville (espetáculo de variedades musicais, cômicas etc. mais sofisticado que o burlesco).

Lindas garotas em figurinos caros e elegantes insinuavam um leve erotismo. Num dos espetáculos, por exemplo, uma garota aparecia numa banheira coberta apenas por bolhas de salão. Em outro, um tableau vivant recriava a cena em que Lady Godiva cavalgava nua para forçar o marido a reduzir imposto. Mas o público logo se cansou desse tipo de show, mais caro que o burlesco.

Depois de testemunhar o pioneirismo de Mae Dix, o National Winter Garden voltaria a ser palco de outro marco da história do strip-tease. Em 1931, a casa contratou uma garota que viria a ser a maior stripper da história dos Estados Unidos. Gypsy Rose Lee ficou famosa não só por sua beleza e um par de pernas sensacional, mas também por ser espirituosa e inteligente.

Segundo Glasscock, o strip-tease é caracterizado por três elementos: revelar, provocar e divertir. Não necessariamente nessa ordem. “Um verdadeiro strip-tease é um espetáculo teatral, que requer um certo distanciamento entre quem provoca e quem é provocado”, diz ela. Gypsy Rose Lee entendeu isso perfeitamente.

As strippers que vieram depois de Gypsy Rose tiveram de se esforçar mais. Foi um festival de cenas sensacionais. Havia quem entrasse no palco vestindo apenas balões, estourados um a um. Outras se cobriam de pombos amestrados, que voavam durante o número. O sucesso desse tipo de espetáculo foi interrompido por uma lei que determinou o fechamento definitivo dos teatros burlescos. Strippers e empresários ficaram a ver navios. Mas as dançarinas logo encontram outros palcos para seus shows, em bares e cabarés.

Nos anos 50, em Nova York, o strip- tease era comum em casas noturnas, mas acontecia de forma discreta. O fim dessa década viu o surgimento das pin-ups, lideradas pela maior de todas, Bettie Page. Pouco depois, diante da revolução sexual da década de 60, que sepultaria de vez os últimos resquícios do pudor vitoriano, até mesmo as pin-ups começaram a ser vistas como parte de uma cultura démodé.

Estrelas do strip-tease - Os maiores nomes de ontem e de hoje:

Little Egypt (1871) - Causou furor na Feira Mundial de Chicago em 1893 ao fazer a dança do ventre, como uma rainha do Nilo. Depois, a anônima desapareceu.

Sarah Bernhardt (1844-1923) - Diva do teatro francês, leva a fama de ser uma das pioneiras do striptease. Em 1890, o figurino da peça Cleópatra exibia sua pele.

Gypsy Rose Lee (1911-1970)- Fez fama e fortuna com sua beleza e inteligência. Além de tirar a roupa, divertia a platéia com textos espirituosos e bem-humorados. Sua vida virou filme e musical da Broadway, Um Sonho (Gypsy, 1962).

Ann Corio (1914-1999)- Estreou com apenas 15 anos. Ficou conhecida por seu show inocente, no qual mostrava pouco o corpo. Em 1960 escreveu e produziu o espetáculo teatral "Isso Foi o Burlesco".
Lili St. Cyr (1918-1999) - Ex-bailarina clássica, ela era a mais refinada e classuda das strippers. Destacava-se por criar elaborados números musicais, em que dramatizava o momento de tirar a roupa.

Tempest Storm (1928)- Ao contrário da maioria das strippers, a ruiva da Geórgia não precisava inventar moda nos palcos para ganhar fama. Seus seios levavam as platéias ao delírio e lhe garantiram a fama.

Blaze Starr (1932)- Famosa nos anos 60, ficou conhecida por ser um vulcão em cena. No auge, teve um caso com o então governador da Louisiana, Earl Long, que virou o filme Blaze – O Escândalo.

Dita Von Teese (1972) - Ex-mulher do roqueiro Marilyn Manson, é uma devotada fã de Bettie Page e das estrelas do teatro burlesco. Suas apresentações e figurinos homenageiam pin-ups e estrelas do strip-tease.

24 de abr. de 2014

Coisas que deixei de fazer por medo do espelho



Mulheres contam o que já deixaram de fazer por vergonha da própria aparência e como superaram o medo do espelho

por Daniele Nordi - delas.ig.com.br

Quem nunca quis disfarçar um “defeitinho” com alguma roupa, maquiagem, penteado ou qualquer outro artifício para ficar mais bonita? A procura por um visual mais bacana não tem nada de errado. É saudável cuidar do próprio corpo. O problema acontece quando o cuidado se torna uma obsessão ou é sintoma de insegurança com a própria aparência e atrapalha coisas rotineiras.

“A relação com o corpo tem a ver com os valores, as crenças e a história de vida de cada um. Quando uma pessoa começa a ter um grande prejuízo por ter complexos relacionados à sua aparência é hora de parar e pensar o que está acontecendo”, afirma Marília Salgado, psicóloga do serviço de psicologia e neuropsicologia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Mulheres que não se aceitam e estão sempre evitando expor o que consideram seus defeitos sofrem. “Algumas mulheres canalizam para o corpo diversas angústias internas e não conseguem separar os problemas”, diz Marília. Mas nem tudo está perdido. Muitas vão à luta e deixam de lado suas encanações, seja se aceitando por completo ou procurando uma solução. Nenhuma diz que é fácil, mas elas mostram que é possível.


Gordinha e poderosa


A publicitária e autora do blog Poderosas Gordinhas Alcione Ribeiro, 32, é uma lição de autoestima elevada. Acima do peso, ela encara o espelho de frente e ama o que vê. “Eu sou feliz com o meu corpo. Não me imagino mais magra. Quando era mais nova, a palavra ‘gorda’ me incomodava, achava um xingamento. Hoje eu vejo que sou gorda mesmo e que isso está longe de ser uma ofensa. É apenas uma constatação da realidade”, diz.

Quem vê a postura de Alcione hoje não acredita que ela já chegou a chorar em provadores de lojas por ver que a roupa que ela queria comprar não passava na batata da perna. Os braços mais grossos também eram um problema grave - ela não usava roupas sem manga de jeito nenhum. “No verão, eu passava muito calor. Tinha um complexo terrível. Só aos 24 anos vesti uma regata para ir trabalhar. Foi a primeira vez que deixei braços à mostra”, conta. A partir daí, começou a se aceitar.

Para não expor os conflitos que tinha com sua imagem, a publicitária sempre inventava uma desculpa para não ir com os amigos para a praia. “Em uma viagem que fiz para o litoral, acordava bem cedo, andava dois ou três quilômetros e quando via que não tinha ninguém conhecido por perto tirava a canga para poder pegar sol. Depois voltava e usava a canga o resto do dia”.

Por estar acima do peso, Alcione não descuida da saúde. “Hoje tenho nível de colesterol melhor do que minha irmã, que é magra. A gente precisa sempre se cuidar. Eu não faço apologia à obesidade. O que eu quero é que as pessoas respeitem as mulheres gordas e gostem de si mesmas”.

Parou de malhar por causa do cabelo

Se tem uma coisa que toda mulher gosta é de ter cabelos bonitos. Mas a beleza é subjetiva. Para algumas o liso tem mais apelo, outras amam o cacheado. No caso da atendente de suporte Jacqueline Maciel, 27, ter cabelo crespo sempre foi um problema.

“Deixei de fazer tanta coisa que não dá nem para contar tudo. Uma das piores coisas para mim foi ter que parar de malhar por causa do meu cabelo. Adoro academia, mas suo bastante e tinha que fazer escova absolutamente todos os dias. Cansei e larguei a malhação. Depois de cinco meses parada, engordei cinco quilos. Acabei assumindo meu cabelo para poder voltar a malhar como antes”, diz.

Jacqueline conta ainda que já chegou a inventar uma gripe para não ir trabalhar simplesmente porque não tinha dado tempo de fazer relaxamento no cabelo. Também deixou de sair com as amigas porque tinha vergonha da sua aparência. “Já cheguei a comprar ingresso para ir ao teatro e no dia não fui. Não consegui ‘relaxar’ meu cabelo e então perdi os R$35,00 que tinha pago”, lamenta.

Ao assumir sua aparência natural, Jacqueline ficou sem o namorado. Ela conta que ele gostava de seus cabelos lisos e o relacionamento terminou por causa disso. “Melhor para mim, que fiz a escolha correta: estar de bem comigo mesma”.

Chamar a atenção, não

Quando se mudou para a cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a consultora de imagem Vanessa Versiani, 35, parou de usar salto alto. Ela achava que chamava muito a atenção das pessoas, e ser alta não ajudava em nada o problema. Isso fez toda a diferença em como ela passou a se enxergar nos três anos seguintes. Começou a ter dificuldade de se relacionar com as pessoas. “Eu tinha que ficar meio corcunda”, diz. Vanessa acabou abolindo seus amados sapatos de salto alto para não destoar.

Vanessa mede 1,74m e ela mesma admite que, pensando bem, nem é tão alta assim. “Eu não saía mais usando salto porque me sentia completamente desconfortável. E eu sempre gostei de sapato alto. Acho que a mulher fica super bonita”.

Um belo dia uma bota – sem salto, obviamente – ficou feia e não podia mais ser usada. Sua procura por um modelo parecido não teve sucesso. Foi então que ela resolveu nunca mais deixar de usar o salto alto. “Acho que a gente acaba enxergando problema onde não tem. Essa experiência me ensinou a me aceitar como sou em qualquer ambiente. Hoje eu viajo o Brasil todo por conta da minha profissão e nunca mais deixei de usar nada que eu quisesse”.

Rabo de cavalo? Nem pensar!

Sabe quando a mulher acorda atrasada para o trabalho e com o cabelo rebelde? Muitas optam pelo famoso e simples rabo de cavalo. Mas, para a designer digital Naele Pereira, 25, isto simplesmente não era uma opção. “As minhas orelhas de abano nunca permitiram que eu levasse uma vida normal. Eu sempre tinha que me policiar para que nem sequer a pontinha da orelha ficasse aparecendo. O meu complexo era enorme”, diz.

Naele escondia tão bem suas orelhas que demorou três anos para que seu namorado notasse que eram “de abano”, como ela define. “Eu não conseguia falar sobre isso. Até ter intimidade e confiança suficiente para conversar com ele demorou muito”.

“Eu não ia à praia com muita gente. Se tivesse que ir, jamais entrava na água. O cabelo molhado denunciava o meu problema”, conta Naele. Como não conseguiu superar seu trauma, há sete anos a designer se submeteu a uma cirurgia plástica para amenizar o complexo que a acompanhou durante toda a vida. “Depois que fiz a cirurgia, minhas encanações sumiram. Quando casei, fiz questão de prender todo o cabelo. Eu jamais tinha me sentido confortável comigo mesma antes, mas no dia do meu casamento eu era a mulher mais linda do mundo”.

Mesmo sem se arrepender de ter optado pela cirurgia, Naele diz que agora consegue ver tudo com outra perspectiva. Será que era preciso mesmo entrar na faca? “Hoje eu enxergo que as minhas orelhas não eram um defeito, eram apenas diferentes”, admite.

23 de abr. de 2014

Lidando com o nosso corpo!



Eu sou gorda mais. Eu sou magra demais. Minha bunda tem tanta celulite que parece a cratera da lua. Meus seios estão caídos (ou são enormes, ou são minúsculos - isso vale também para o tamanho da bunda). E essas estrias? Nunca vou colocar um biquini! Minha pele está péssima. Minhas rugas estão aparecendo. Estou ficando velha. Meu cabelo está horrível. Minha barriga está enorme. Minhas coxas estão flácidas. Quantas vezes uma mulher já não se pegou falando alguma frase do gênero? Inúmeras, não é mesmo? E quantas vezes a gente pára na frente do espelho pra se elogiar ao invés de se depreciar? Poucas vezes - bem menos do que as vezes que reclamamos, com certeza. 

não adianta malhar, fazer plástica, ir no melhor cabeleireiro do universo. A gente , ir no melhor cabeleireiro do universo. A gente "conserta" algo que nos incomoda e logo acha outro "problema". E eu vejo meninas lindas e perfeitas (do meu ponto de vista) que vivem chorando as pitangas com seus defeitos imaginários. Vai entender! 

Pq é tão difícil a gente fazer uma reflexão inversa e descobrir o que temos de bom? Não, não falo de buscar nossas qualidades internas, não, falo de estética mesmo. Pq não há ninguém no mundo, NINGUÉM, que não tenha vários pontos positivos a serem ressaltados. Basta descobri-los. 
No meu trabalho com a dança, eu estou 24 horas em contato direto com um poderoso inimigo: nosso senso de auto-crítica. E como é complicado fazer um trabalho legal, se divertir em cena, se a gente tá sempre martelando e caçando defeitos, viu? Eu falo isso por experiência própria! Não é fácil subir no palco e arrasar, se segundos antes estamos encolhendo a barriga ou contando os furinhos de celulite pra ver se não apareceu mais uma! 

A mídia nos faz engolir à seco que a mulher só é bonita quando é magra, malhada, sem celulites, sem nenhum centímetro de gordura a mais no corpo, com a barriga mais reta que tábua de passar roupa, com o bumbum da Sheila Carvalho, com 400 ml de silicone ou mais (e duros como uma bola de boliche, of course!), sem estrias aparentes (ou ao menos devidamente photoshopadas, como nas fotos da Playboy), e com o cabelo que brilha mais que lantejoula na luz! E como eu já disse antes, tem muita mulher que, mesmo sendo tudo isso, ainda consegue ser insegura! Seria engraçado se tão fosse trágico! Oh, mundo cruel! Vamos parar de ver televisão e comprar Nova Cosmopolitan já! ^-^  

Mesmo sabendo que não é verdade, a gente acredita nisso tudo e se mata de tanto malhar, faz regimes mirabolantes, compra todos os cremes que prometem reduzir, enrijecer ou fazer qualquer outro milagre. Me incluo nesse time, não tô tirando o corpo fora, não! Atire a primeira pedra quem nunca fez um regime maluco (seja pra emagrecer ou para engordar!) ou comprou um creme carérrimo que prometia exterminar com todas celulites do mundo! 

A questão é: qual o botãozinho interno que temos que buscar para, mesmo sendo uma mulher real, longe dos estereótipos da mídia, aceitarmos que o nosso corpo pode ser  exposto sem neura? Não, não se iludam, a neura não vai deixar de existir, isso é fato. Eu já tentei abstrair, mas volta e meia ela me pega de jeito. Nosso exercício diário precisa mudar: ao invés de reclamar e reclamar e reclamar daquilo que não gostamos em nós mesmas, temos que nos olhar no espelho e descobrir onde guardamos as nossas maiores qualidades.

Nosso julgador mais cruel somos nós mesmos! A gente se dá conta de tanto defeito que ninguém nem imagina que exista. As vezes nem existe mesmo, né? É só nossa cabecinha pirada nos sabotando! Chega de tanta sabotagem, meninas! A gente já sabota o regime, já cabula a academia, já fica com preguiça e vai de carro na padaria pra não ter que andar 10 minutos... melhor parar por aí! 

O pior de tudo isso, de tanta cobrança, de tanto auto-sofrimento que a gente se impõe, é que muitas vezes deixamos de nos divertir! Conheço meninas que não vão à praia pra não usar biquini, que não usam saia curta pq vai aparecer a celulite, ou blusa regata pq o braço é gordo ou fino demais! Sim, pq eu falo pelas gordas pela parte que me toca, mas quantas meninas não sofrem pela ausência de recheio???  Gordas ou magras, no final das contas, acabamos nos deparando com mulheres lindas que são incapazes de aceitar que podem, sim, ser amadas e elogiadas, pq acham que por não serem iguais as belas das capas de revista, o mundo as odeia! 

Quando eu era criança, sofria com a família achando que eu era magra demais, cansei de tomar remédios pra engordar, gemada, biotônicos e outras coisas do gênero. Daí entrei na adolescência e a neura virou: desde que me lembro de ter subido numa balança, me sinto gorda. Mesmo quando eu não era realmente, eu já achava que era. Deixei de usar biquini, só usava camisetas largas pra esconder o corpo. Daí um dia, nem sei bem ao certo quando, eu desencanei... meti uma calça justa, uma blusinha decotada, arrumei o cabelão e disse pra mim mesma: dane-se, não vou deixar de me divertir, de usar as roupas que gosto, de comer em público (conheço pencas de gordinhas que não fazem isso pq se sentem sendo julgadas!), de dançar (sim, pq dançar também é coisa de gente magra, esqueceu????) por que os outros acham qualquer coisa... os outros são os outros e só!!! 



Portanto, meninas e meninos que possam estar aí se corroendo na neura, vamos nos permitir! Eu escrevi isso pra mim, em primeiro lugar. Minha auto-confiança é muito maior no palco do que fora dele, isso é fato. Mas eu tento arduamente, todos os dias, achar meus pontos positivos, gostar da minha ausência de bunda, achar minha celulite charmosa e acreditar que tem gente que nem nota a existência da minha barriga. Do contrário, eu não estaria  hoje fazendo o que faço, não é mesmo? E se vc acreditar que é linda, poderosa, confiar no seu taco, quem é que vai duvidar disso, hein? Tentem! Vale a pena!!! 

22 de abr. de 2014

Para mudar a visão sobre a velhice



Minha primeira postagem vai ser um repeteco de algo que já compartilhei hoje no Facebook, mas que faço questão de deixar registrado aqui no blog, para que possa ser revisitado varias vezes, e em outras épocas.  Projetos bacanas merecem divulgação à beça.



"Renomado mundialmente por seus trabalhos fotográficos em moda, o holandês Erwin Olaf lida diariamente com top models de algumas das principais marcas do mundo.




Com esse olhar para a beleza, ele decidiu fazer um ensaio, batizado de Maturidade (Mature Series), não para vender roupas e acessórios. Mas um novo olhar. Um olhar sobre a velhice, tentando desmistificar a ideia de que sensualidade apenas combina com juventude.





Daí escolheu para o ensaio 10 mulheres com mais de 70 anos, reproduzindo famosas e já batidas imagens de símbolos sexuais."




Fonte: catracalivre.com.br

Para saber mais sobre o fotógrafo: http://www.erwinolaf.com
https://www.facebook.com/StudioErwinOlaf 

Começando do começo...


Pra quem não me conhece, meu nome é Shaide. Ou Lady Burly (sim, eu tenho um codinome!). Sou professora de danças, proprietária da Escola Burlesca de São Paulo, vivo imersa quase que 24 horas no universo da dança e do feminino. Day by day!

Faz muito, muito tempo que não tenho um blog. Já tive aos montes, principalmente blogs sobre dança, mas depois de muito tempo na batalha, cansei de escrever. E olha que eu não sou uma pessoa que se cansa fácil das coisas... Mas enfim, depois de um considerável período de abstinência da escrita, e de pedidos de pessoas queridas que gostavam das bobagens que eu postava por aí, resolvi voltar. Não sei se pra ficar!
Mas vamos lá, tentando novamente... só que decidi fazer um blog diferente dos que já tive antes. Ah, mas é claro que eu vou falar de dança, né? Eu vivo disso, é meu trabalho, minha paixão, quase o ar que eu respiro!

Mas eu queria abrir para outras tantas questões que cercam o universo feminino. Sim, vou falar de dança, de sensualidade (assunto que eu gosto bastante, como irão perceber!), de mulherzices, maquiagem, roupa bonita, música bacana, lugar bom de conhecer, coisas do cotidiano, frases feitas e muitos clichês, e outras tantas delícias! Mas também vou botar o dedo na ferida de vez em quando, e falar daquilo que não é tão bom assim: a insegurança feminina de cada dia, a luta contra aquilo que tenta nos botar pra baixo, os padrões estéticos, as revistas de mulheres photoshopadas, o cabelo que não acordou do jeito que q gente gosta. Enfim, vou falar e falar e falar sobre tudo o que me rodeia!

Sigam-se os bons, os nem tão bons assim, os que gostam de mim... e quem não gosta também, pode vir! Faz parte!

 Bem vindos à minha nova casinha virtual!

 Beijos da Burly