27 de mai. de 2014

Welcome to Jazz Cabaret!


Hoje começa uma nova turma de dança na Escola Burlesca de São Paulo, meu curso de Jazz Cabaret. Já tinha uns 2 anos que eu não montava esse curso aqui na escola, bateu uma saudade, e "ó nóis aqui traveiz"!!!  Para quem se interessar, as aulas acontecerão todas as terças, às 21 h. E é uma diversão! Fica aqui o convite para quem quiser vir fazer hj, dia 27 de maio, nossa aula experimental gratuita!

E agora, vamos conhecer um pouquinho mais sobre essa dança? As aulas de Jazz Cabaret se baseiam na criação de coreografias inspiradas nos antigos filmes hollywoodianos, bem como nos famosos musicais da Broadway. Portanto, é importante conhecer a história do jazz dance, suas origens e principais representantes:



A origem do Jazz Dance tem raízes populares, surgindo no final do século passado, evoluindo paralelamente à jazz music norte-americana. Suas influências são obviamente na cultura negra e suas características mais marcantes são visivelmente inspiradas nas DANÇAS AFRICANAS, com trabalho de isolação muscular, marcação de quadril, ritmo pulsante e balanço.



Durante a época da escravidão, quando os navios negreiros viajavam da África para a América, os negros eram obrigados a dançar para manterem sua saúde. Para isso, imitavam os brancos e suas danças tradicionais da época (polca, valsa) e faziam desta imitação uma forma de ridicularizar seus opressores, mas também misturavam a isso suas danças tribais.



Por volta de 1740, quando os tambores foram proibidos no Sul dos EUA, os negros passaram a executar sua música e sua dança de outras formas, e para isso se utilizaram do som de suas palmas, do banjo e do sapateado. Por volta de 1900, as danças afro-americanas começaram a se propagar pelo país e a entrar nos salões de baile, sofrendo assim novas influências.



Logo esta dança passou a ser dançada por negros e brancos, e a tomar conta dos palcos, se transformando no que era chamado antigamente de Comédia Musical, que nada mais era do que os primeiros passos da dança que hoje conhecemos como Jazz.



Esta dança é hoje considerada uma forma de expressão pessoal baseada no improviso, embora muitos dos trabalhos nesta modalidade sejam coreograficamente montados, principalmente no Jazz-Teatro.



O grande triunfo desta dança nos EUA é visto principalmente nos espetáculos da Broadway. Já houve grande preconceito quanto à esta modalidade, sendo até mesmo considerada uma arte menor em qualidade coreográfica, mas atualmente o crescimento do interesse e da qualidade de bailarinos e coreógrafos faz com que muitos confundam suas peças com trabalhos de dança moderna.



O primeiro grande mestre do Jazz foi Jack Cole, mais conhecido como O Pai do Jazz.



Começou pela dança moderna, com Ruth Saint Dennis e Ted Shawn, e durante a era da depressão norte-americana, trocou a dança moderna pela dança comercial, passando a fazer shows em nightclubs, posteriormente passando a trabalhar nos musicais da Broadway.



O jazz dance já era conhecido naquela época, mas faltava técnica apropriada, e Cole foi o primeiro bailarino desta modalidade a fundir as técnicas da dança moderna aos movimentos "populares" do Jazz.



A técnica Cole trabalha com pliés profundos, explosão dos movimentos, isolação muscular, sincopação, deslizes em trabalho de solo, ou seja, características ainda hoje mantidas no jazz e comuns em todas as aulas e à todas as diversas técnicas que foram posteriormente criadas. Cole também foi pioneiro em fundir à esta modalidade movimentos das danças orientais, seguindo a linha de seus professores em dança moderna da Dennishawn School.



Jack coreografou diversos musicais na Broadway e também chegou à Hollywood, trabalhando como coreógrafo para cinema, em películas como Eles Preferem as Loiras, com Marilyn Monroe. Trabalhou também com outras estrelas da época como Humphrey Bogart, Rita Hayworth, Gwen Verdon, Matt Mattox e Mitzy Gaynor.



Um dos grandes nomes do jazz estilo cabaret foi Bob Fosse.



Fosse desenvolveu um estilo de dança de jazz que foi imediatamente reconhecido e caracterizado por seu ar sensual. Outras distinções notáveis eram seus joelhos internos, ombros arredondados e isolações do corpo. Com a influência de Fred Astaire, ele usou como acessórios chapéus côco, barras e cadeiras.



Aclamado no teatro, onde foi várias vezes premiado, Bob Fosse ganhou também no cinema um Oscar em 1972 pelo filme "Cabaret", além de várias homenagens na TV pelo especial com a atriz e cantora Liza Minelli, "Liza com Z".



As filmagens de "Cabaret" tiveram uma característica específica: lembravam Vaudeville e burlesque.



Texto de Shaide Halim

22 de mai. de 2014

Os benefícios da Dança



Por Barbara Craddock

1. Sempre Jovem

Dança é altamente benéfico em manter-nos jovens. Atrasa imensamente o processod e envelhecimento. Beneficia o nosso coração, o sistema cardio-vascular e aumenta a cabacidade pulmonar. Facto: A estimulação muscular e níveis respiratórios dos bailarinos a dançarem numa competição de dança são equivalentes aos dos ciclistas, nadadores e corredores de 800 metros de nível olímpico.

2. Ossos fortes, articulações lubrificadas

Dança auxilia na prevenção e tratamente da osteoporose, que é uma procupação principal para a mulher, especialmente na pós-menopausa devido à descida significante dos níveis de estrogénio que ocorre por esta fase. Uma quebra dos níveis de estrogénio impedem a absorção do cálcio nos ossos. Dançar igualmente mantés as articulações lubrificadas e móveis, prevenindo a artrite.

3. Queima de Calorias

Dançar exercita os nossos corpos a aumentar a circulação sanguínea. ajuda a queimar calorias mais rapidamente, ao mesmo tempo que melhora os níveis de energia. Estima-se que a Dança gasta entre 5 a 10 calorias por minuto dependendo da velocidade e intensidade. Por exemplo, mambo e samba gastam mais calorias que uma valsa lenta.

4. Melhor Sangue

Novas descobertas descobriram que é necessário medir tanto os níveis de bom e mau colesterol para determinar o estado da nossa saúde. Dançar ajuda no controlo lipídico, que aumenta o HDL (bom colesterol) e diminui o LDL (mau colesterol). Danaçr é igualmente bom para diabéticos, porque ajuda a controlar os níveis de açúcar no sangue.

5. Domínio Mental

A dança melhora a nossa memória ao nos fazer relembrar passos, sequências e padrões de dança tornando-se assim num excelente exercício mental para o cérebro. O grande benefício é que ao aumentar o exercício mental, mentém-se a mente rápida, alerta e aberta.

6. Tem tudo a ver com equilíbrio

Equilibrar-se numa posição pode ser fácil, mas equilibrar-se nas numerosas e variadas posições envolvidas em Dança é muito mais difícil. Os bailarinos dominam a capacidade de se equilibrar em imensas posições. Ao manter o equilíbrio, o corpo fortalece os músculos estabilizadores, enquanto que protege o centro e prepara o corpo para que este esteja menos vulnerável a lesões no dia-a-dia. Dançar igualmente ajuda na coordenação e melhora os reflexos. É uma óptima maneira de manter o Sistema Nervoso Central e Periférico em forma excelente por melhorar a relação entre os nossos corpos e mentes.

7. Socialmente satisfatório

Dançar é recreacional e divertido. Cria uma vida social, permitindo a oportunidade de fazer novos amigos. Amigos ajudam-nos a crescer, fazem-nos rir e apoiam-nos enquanto aprendemos.

8. Culturalmente Diverso

Dançar não tem barreiras culturais. Pessoas de todo o mundo, com diferentes ideologias, se reencontram na pista de dança. A interacção cultural melhora a nossa qualidade de vida ao expandir a nossa mente e partilhar no nosso espírito.

9. Esmero Pessoal

Dançar não é somente divertido e romântico, mas promove o esmero pessoal, já que todos pretendem dar o melhor de si quando dança. Esmero e cuidado pessoal mantém-nos saudável por ser atingidos através de uma higiene elevada.

10. Um ser feliz

Dançar melhora o nosso humor por elevar os níveis de endorfinas no sangue. Isto permite-nos tratar o stress e depressão - dois dos maiores inimígos para o nosso sistema imunitário. Ajuda a estabelecer a nossa auto-confiança e auto-disciplina. Melhora a harmonia entre a nossa mente e corpo, trazendo uma sensação de bem estar.

5 de mai. de 2014

Enaltecendo meus ídolos: Audrey Hepburn



E como ontem seria o aniversário de 85 anos da diva Audrey Hepburn, nada mais justo que prestar uma singela homenagem aqui, na Casa da Burly:



Audrey Hepburn



fonte: wikipedia

Nascida Audrey Kathleen Ruston na Bélgica, era a única filha de Joseph Anthony Ruston (um banqueiro britânico-irlandês) e Ella van Heemstra (uma baronesa neerlandesa descendente de reis ingleses e franceses). Seu pai anexou o sobrenome Hepburn, e Audrey se tornou Audrey Hepburn-Ruston. Tinha dois meio-irmãos, Alexander e Ian Quarles van Ufford, do primeiro casamento da sua mãe com um nobre neerlandês.



Audrey foi considerada, a príncípio, uma garota "alta, ossuda, de pés excessivamente grandes para se tornar uma estrela". Mas Audrey, mesmo vivendo na época em que as baixinhas, de curvas generosas, pés miúdos e olhos claros imperavam, soube usar os seus "defeitos" como seus dons e conquistar o mundo com seu lindo rosto, sua elegância e seus profundos olhos castanhos. Segundo o estilista Givenchy, que era incumbido de vesti-la, Audrey era um ideal de elegância e uma inspiração para o trabalho dele.



Audrey sempre será lembrada pelos filmes My Fair Lady (1963 - Minha Bela Dama) e Breakfast at Tiffany's (1961 - Bonequinha de luxo no Brasil, Boneca de luxo em Portugal) como "Holly Golightly", uma prostituta de luxo que sonhava em se casar com um milionário, papel totalmente oposto ao pelo qual ela foi premiada com o Oscar de 1954, em que vivia "Ann", uma princesa que fugindo de seus deveres reais, se apaixona por um jornalista interpretado por Gregory Peck, em A princesa e o plebeu (Roman Holiday, 1953).



O ator Gregory Peck, par romântico de Audrey no filme A Princesa e o Plebeu (Roman Holiday, 1953), foi quem a apresentou ao ator Mel Ferrer, que, depois de participar de uma peça com Hepburn, pediu-a em casamento. A atriz contracenou no filme Guerra e Paz (War and Peace, 1956). Os dois fizeram um casal, em que Audrey interpretava uma aristrocrata russa, que se apaixona pelo princípe da Rússia André (Ferrer).
Audrey em Charada



Hepburn casou-se duas vezes, primeiro com o ator americano Mel Ferrer, e depois com o psicólogo italiano Andrea Dotti. Ela teve um filho com cada um – Sean em 1960 por Ferrer, e Luca em 1970 por Dotti. O padrinho de seu filho mais velho é o autor britânico A.J. Cronin, quem residiu perto de Hepburn na Lucerna.



Em 1967 declarou que iria abandonar o cinema, porém voltou a atuar 9 depois. Ao final de sua vida, nomeada embaixadora da UNICEF, trabalhou incansavelmente como voluntária para causas infantis. Hepburn falava francês, italiano, inglês, neerlandês e espanhol. Havia dúvidas se ela falava espanhol ou não, mas recém descobertas imagens da UNICEF mostram-na falando a língua fluentemente no México.



No filme Bonequinha de Luxo, ela é mostrada tentando aprender português, e reclama do grande número de verbos irregulares. Ela diz: "A very complicated language, four thousand of irregular verbs", depois disso, tenta dizer "Eu acho que você está gostando do açougueiro".



De acordo com seu filho Sean, os filmes favoritos dos quais estrelou foram Uma cruz à beira do abismo (por sua mensagem social) e Cinderela em Paris (por ter se divertido muito nas filmagens deste). No entanto, ela havia declarado numa entrevista à Barbara Walters que A princesa e o plebeu era o filme mais querido dela.



Além de um rosto bonito, Audrey era uma mulher humilde, gentil e charmosa, que preferia cuidar dos outros a seu redor do que de si mesma. É considerada a eterna "bonequinha de luxo". Faleceu aos 63 anos, de câncer de cólon.



Curiosidades




* Todos se lembram de quando Marilyn Monroe cantou parabéns a você para o presidente John F. Kennedy, em 1962. Mas poucos se lembram de que foi Hepburn quem cantou para ele em seu último aniversário, em 1963.



* O poema favorito de Audrey Hepburn era Unending Love, de Rabindranath Tagore.



* A diva da ópera Maria Callas adorava o visual de Hepburn e adotou-o para si mesma na década de 1950.



* Nas décadas de 1980 e 1990, o seriado de televisão favorito de Audrey era L.A. Law.



* A modelo Kally Michalakif, em 10 de outubro de 2006, relembrou a atriz Audrey Hepburn nas ruas de Nova Iorque, realizando o mesmo trajeto que a atriz, há quase 50 anos, no filme Bonequinha de luxo (Breakfest at Tiffany's, 1961), realizara na frente da Joalheria Tiffany. Na verdade, foi um desfile - a modelo usava um figurino semelhante ao da atriz - que tinha como objetivo promover o leilão de objetos de filmes, e que foi realizado em 5 de dezembro do mesmo ano, na casa Christie's South Kensington, em prol da entidade City of Joy Aid que ajuda pessoas necessitadas na Índia. O vestido usado pela atriz no filme Breakfast at Tiffany's foi leiloado em dezembro de 2006 na Christie's, em Londres, por 410 mil libras (800 mil dólares), dinheiro destinado à construção de 15 escolas para crianças indianas pobres.



* Em Gossip Girl, a personagem Blair Waldorf tem Audrey Hepburn como maior ídolo, sempre agindo como se fosse a própria Audrey.



* Na série Gossip Girl, o 11º episódio leva o nome de Roman Holiday, um dos filmes de Hepburn (br: A princesa e o plebeu / pt: Férias em Roma). No episódio 4 e no episódio 14 de Gossip Girl, a personagem Blair Waldorf faz sua própria versão de cenas do filme Bonequinha de luxo.



* No ano de 2000 foi lançado o filme The Audrey Hepburn Story, uma homenagem a Audrey que gerou críticas da mídia e de fãs, devido à escolha de Jennifer Love Hewitt para o papel principal.



* O anime REC, faz muitas referências à Audrey Hepburn, inclusive sua personagem principal (Onda Aka) é sua fã declarada, e sonha em um dia ter uma voz como a dela. Além disso, todos os episódios tem nomes baseados em seus filmes.



Filmografia



* 1948 - Dutch in Seven Lessons (documentário)
* 1951 - Monte Carlo Baby
* 1951 - Laughter in Paradise
* 1951 - One Wild Oat
* 1951 - O mistério da torre (The Lavender Hill Mob) (1951)
* 1951 - Young Wives' Tale
* 1952 - The Secret People
* 1952 - We Will Go to Monte Carlo (versão francesa de Monte Carlo Baby)
* 1953 - A princesa e o plebeu
* 1954 - Sabrina
* 1956 - Guerra e paz
* 1957 - Cinderela em Paris
* 1957 - Amor na Tarde
* 1959 - A flor que não morreu
* 1959 - Uma cruz à beira do abismo
* 1960 - O passado não perdoa
* 1961 - Breakfast at Tiffany's (Bonequinha de luxo no Brasil, Boneca de luxo em Portugal)
* 1961 - Infâmia
* 1963 - Charada
* 1964 - Quando Paris alucina
* 1964 - Minha bela dama
* 1966 - Como roubar um milhão de dólares
* 1967 - Um caminho para dois
* 1967 - Um clarão nas trevas
* 1976 - Robin e Marian
* 1979 - A herdeira
* 1981 - Muito sorriso e muita alegria
* 1989 - Além da eternidade

4 de mai. de 2014

Ballet traz mais benefícios que natação



Responda rápido: qual é o esporte mais completo que existe? Se quiser a ajuda do Google, levará 0,25 segundo para receber a resposta. Em média, sete em cada dez páginas da internet apontam a natação.



Parece óbvio, mas uma pesquisa recente mostrou que, na comparação entre a natação e o balé clássico, este apresenta melhores resultados em sete de dez medidas de condicionamento físico. A conclusão é de um trabalho conduzido por Tim Watson, professor de fisioterapia da Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido. Ele comparou o condicionamento e o desempenho de membros do Royal Ballet com o de nadadores da seleção olímpica britânica.



"O objetivo não foi dizer qual é a atividade mais completa, mas buscar as diferenças no perfil de condicionamento de cada atividade", contou Watson em entrevista à Folha. "Mesmo assim, apesar de as diferenças terem sido pequenas na maioria dos testes, elas existem e puderam ser medidas", afirma o pesquisador.



A maior surpresa foi no teste que mediu a força de empunhadura (força da mão ao agarrar um objeto), em que os bailarinos se mostraram cerca de 21% mais fortes do que os nadadores. Os praticantes de balé também obtiveram melhores resultados nos testes de flexibilidade e equilíbrio corporal (parado ou em movimento), o que já era esperado.



Os outros quesitos em que os bailarinos se saíram melhor foram salto a distância, salto em altura, porcentagem de gordura corporal e equilíbrio psicológico. Os nadadores ficaram à frente nos aspectos resistência, força nos músculos anteriores e posteriores das coxas e índice de massa corporal.



A pesquisa britânica foi feita com profissionais, mas pode servir para atletas amadores com uma queda para a dança. "O balé é uma forma de fortalecer os músculos sem encurtá-los e de trabalhar várias habilidades, como coordenação motora e equilíbrio, ao mesmo tempo. Esses benefícios da atividade podem ser obtidos por qualquer praticante, profissional ou amador", afirma Zélia Monteiro, bailarina e professora do curso de comunicação das artes do corpo da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo.



Monteiro dá aulas de balé para um grupo de adultos na Sala Crisantempo, em São Paulo. Na mesma classe, profissionais de dança dividem a barra com amadores. Vários só começaram a dançar depois de adultos, contrariando a crença de que a atividade só serve para quem começa na primeira infância. "Hoje em dia, nem para profissionais isso é verdade. Não é preciso começar cedo, mas é fundamental que o aprendizado seja bem-feito, com um trabalho de consciência corporal bem fundamentado", pondera Sílvia Geraldi, coordenadora do curso de dança da Universidade Anhembi Morumbi.



O trabalho de consciência corporal e a busca da qualidade do movimento são as chaves para explicar o sucesso das aulas de balé para adultos não-profissionais. As aulas disponíveis ainda não são muitas, mas os locais que oferecem a atividade têm as salas lotadas de alunos bastante empolgados com o tipo de trabalho oferecido e com os resultados obtidos.

29 de abr. de 2014

A criação do striptease


A mulherada americana teve que rebolar muito para driblar as patrulhas e leis dos bons costumes que as proibiam de tirar a roupa no palco. Assim, aos poucos, nasceu o strip-tease.

por Cíntia Cristina da Silva

do site: http://historia.abril.com.br

Era uma noite quente de 1917. A platéia do modesto teatro National Winter Garden, no Lower East Side, famoso por monólogos repletos de piadas chulas e por dançarinas insinuantes, era majoritariamente masculina. No palco, acalorada, a comediante Mae Dix decidiu remover a gola de seu vestido para não manchá-lo de suor e assim economizar uma grana com a lavanderia. O gesto banal, feito de modo distraído, levou a galera à loucura. Os homens gritavam na expectativa do que estava por vir.

Artista experiente, Mae percebeu o que tinha em mãos e, de imediato, tirou os punhos, também removíveis, de seu figurino. Saiu aplaudida entusiasticamente, após abrir os primeiros botões de seu vestido. Estava criado, oficialmente, o strip-tease. A performance entrou para a história como a primeira vez que uma mulher se despia sem ter uma desculpa “artística” para isso. Resultado: os donos do teatro, os irmãos Minsky, deram à atriz um aumento de 10 dólares por semana para voltar a repetir o ato.

Como não eram nada bobos, os Minsky também encomendaram uma campanha publicitária para divulgar o novo espetáculo. Pouco depois, foi cunhada a expressão strip-tease (tradução literal: despir-se provocando) para descrever a natureza excitante dos shows da casa. Assim, meio sem querer, o ato de tirar a roupa no palco foi virando um espetáculo exportado para o mundo inteiro pelos Estados Unidos.

Muito embora esse acontecimento seja lembrado como o marco fundador da arte, a pesquisadora Jessica Glasscock vasculhou os primórdios dos shows de variedades e do burlesco (tipo de teatro popular nos Estados Unidos do início do século 20, famoso por piadas grosseiras, dançarinas ousadas e linguagem pouco refinada) e lá encontrou as raízes da arte do strip-tease, que publicou no livro Striptease – From Gaslight to Spotlight (algo como “Da iluminação a gás aos holofotes,” inédito no Brasil). Sem as desbravadoras de meados do século 19, talvez não tivesse existido Mae Dix.

QUADROS VIVOS

É preciso lembrar que no fim do século 19 as regras morais eram extremamente rígidas. O menor sinal de conduta libidinosa, a exibição de uma perna nua em cena, por exemplo, era enquadrado como contravenção. Um decreto do estado de Minnesota, de 1891, dá a medida: “Qualquer mulher que, num palco de teatro, casa de shows ou qualquer tipo de espaço público, em que estejam reunidas outras pessoas, expuser partes do corpo, estejam elas vestidas em malhas finas colantes ou em qualquer tipo de vestuário que torne o corpo visível, será considerada culpada de conduta obscena explícita, cuja contravenção poderá ser punida com multa não menor que 5 dólares e não acima de 100 dólares, ou prisão por no mínimo cinco dias e no máximo 30”. Para burlar tais leis entra em cena a mirabolante criatividade humana.

Nesse período, para fugir de processos valia tudo. Especialmente manter o strip-tease ou inocentes insinuações de nudez muito próximas da arte. Apoiado numa classificação “artística”, era possível montar espetáculos com várias mulheres seminuas ou em malhas colantes reveladoras sem que todo mundo fosse em cana. Os espertos diretores dos teatros burlescos descobriram na arte clássica, especialmente a greco-romana, uma ótima desculpa “educacional” para exibir garotas em trajes mínimos. Arte não pode ser tachada de obscena. Pelo menos, não sem que o acusador tenha de encarar a vergonha pública de ser considerado um ignorante.

A idéia desses espetáculos batizados de “Tableaux Vivants” (Quadros Vivos) era utilizar modelos reais para reproduzir cenas clássicas de pinturas e passagens históricas. O nascimento de Vênus era uma das encenações favoritas. As ninfas, é claro, também pululavam aqui e ali. Detalhe: para esse tipo de show ser considerado um tableau vivant, as modelos não podiam se mover.

AS EUROPÉIAS

Os padrões de decência do início do século 19 eram os mesmos da Era Vitoriana. Até o figurino das artistas estava sujeito a esses valores morais. O corpete se tornou uma peça essencial: ele mantinha no lugar o que não deveria ser revelado.

Por volta de 1860, as primeiras transgressoras se livraram desse acessório e causaram reboliço. Pouco depois, com a chegada da trupe da inglesa Lydia Thompson, em 1868, um novo furor se instalou nos palcos americanos. As loiras oxigenadas de Lydia Thompson se apresentavam usando somente uma insinuante malha colante, que, apesar de cobrir o corpo todo, criava a ilusão de nudez.

O roteiro incluía piadas grosseiras, canções populares e textos com insinuações eróticas. No fim, as dançarinas lançavam as pernas ao ar como no cancã. A combinação explosiva de sex-appeal e ousadia não era novidade na Europa, mas nos Estados Unidos causou furor. O espetáculo foi aclamado, apesar das acusações de obscenidade. Depois de Lydia, os americanos começaram a montar shows semelhantes. Baseados em textos literários, esses espetáculos não se preocupavam quase nada com a qualidade da narrativa. Era claro que um belo par de pernas distraía suficientemente o público.

Na onda das inglesas surgiram as “skirt dancers” (dançarinas de saia), como se tornaram conhecidas as moças que não se limitavam ao pas-de-deux do balé clássico. O cancã era o carro-chefe das “dançarinas de saias”. Além de exibir vitalidade, elas mostravam parte das pernas e a roupa de baixo. Depois delas vieram as dançarinas orientais (ou exóticas). A dança do ventre, considerada imoral e provocante, era a alegria dos homens. Às orientais (muitas americanas vestidas como as originais) era permitido dançar com menos roupas, pois essa era considerada uma questão “cultural” não passível de processo.

O BURLESCO E AFINS

O burlesco, com suas dançarinas exóticas e piadas grosseiras, caiu nas graças do povo. Paralelamente a este movimento, surgiu a tentativa de criar um espetáculo mais leve, recomendado às senhoras respeitáveis. Em 1907, Florenz Ziegfeld Jr. cria o Ziegfeld Follies, um espetáculo de entretenimento refinado, como mandava o vaudeville (espetáculo de variedades musicais, cômicas etc. mais sofisticado que o burlesco).

Lindas garotas em figurinos caros e elegantes insinuavam um leve erotismo. Num dos espetáculos, por exemplo, uma garota aparecia numa banheira coberta apenas por bolhas de salão. Em outro, um tableau vivant recriava a cena em que Lady Godiva cavalgava nua para forçar o marido a reduzir imposto. Mas o público logo se cansou desse tipo de show, mais caro que o burlesco.

Depois de testemunhar o pioneirismo de Mae Dix, o National Winter Garden voltaria a ser palco de outro marco da história do strip-tease. Em 1931, a casa contratou uma garota que viria a ser a maior stripper da história dos Estados Unidos. Gypsy Rose Lee ficou famosa não só por sua beleza e um par de pernas sensacional, mas também por ser espirituosa e inteligente.

Segundo Glasscock, o strip-tease é caracterizado por três elementos: revelar, provocar e divertir. Não necessariamente nessa ordem. “Um verdadeiro strip-tease é um espetáculo teatral, que requer um certo distanciamento entre quem provoca e quem é provocado”, diz ela. Gypsy Rose Lee entendeu isso perfeitamente.

As strippers que vieram depois de Gypsy Rose tiveram de se esforçar mais. Foi um festival de cenas sensacionais. Havia quem entrasse no palco vestindo apenas balões, estourados um a um. Outras se cobriam de pombos amestrados, que voavam durante o número. O sucesso desse tipo de espetáculo foi interrompido por uma lei que determinou o fechamento definitivo dos teatros burlescos. Strippers e empresários ficaram a ver navios. Mas as dançarinas logo encontram outros palcos para seus shows, em bares e cabarés.

Nos anos 50, em Nova York, o strip- tease era comum em casas noturnas, mas acontecia de forma discreta. O fim dessa década viu o surgimento das pin-ups, lideradas pela maior de todas, Bettie Page. Pouco depois, diante da revolução sexual da década de 60, que sepultaria de vez os últimos resquícios do pudor vitoriano, até mesmo as pin-ups começaram a ser vistas como parte de uma cultura démodé.

Estrelas do strip-tease - Os maiores nomes de ontem e de hoje:

Little Egypt (1871) - Causou furor na Feira Mundial de Chicago em 1893 ao fazer a dança do ventre, como uma rainha do Nilo. Depois, a anônima desapareceu.

Sarah Bernhardt (1844-1923) - Diva do teatro francês, leva a fama de ser uma das pioneiras do striptease. Em 1890, o figurino da peça Cleópatra exibia sua pele.

Gypsy Rose Lee (1911-1970)- Fez fama e fortuna com sua beleza e inteligência. Além de tirar a roupa, divertia a platéia com textos espirituosos e bem-humorados. Sua vida virou filme e musical da Broadway, Um Sonho (Gypsy, 1962).

Ann Corio (1914-1999)- Estreou com apenas 15 anos. Ficou conhecida por seu show inocente, no qual mostrava pouco o corpo. Em 1960 escreveu e produziu o espetáculo teatral "Isso Foi o Burlesco".
Lili St. Cyr (1918-1999) - Ex-bailarina clássica, ela era a mais refinada e classuda das strippers. Destacava-se por criar elaborados números musicais, em que dramatizava o momento de tirar a roupa.

Tempest Storm (1928)- Ao contrário da maioria das strippers, a ruiva da Geórgia não precisava inventar moda nos palcos para ganhar fama. Seus seios levavam as platéias ao delírio e lhe garantiram a fama.

Blaze Starr (1932)- Famosa nos anos 60, ficou conhecida por ser um vulcão em cena. No auge, teve um caso com o então governador da Louisiana, Earl Long, que virou o filme Blaze – O Escândalo.

Dita Von Teese (1972) - Ex-mulher do roqueiro Marilyn Manson, é uma devotada fã de Bettie Page e das estrelas do teatro burlesco. Suas apresentações e figurinos homenageiam pin-ups e estrelas do strip-tease.